A partir do final de 2016, o Brasil se acostumou a apresentar mais de 10 milhões de pessoas desocupadas, que se atenuou nos últimos meses e se aproxima de 15 milhões. Além disso, o Fundo Monetário Internacional aponta que a taxa de desemprego nacional deve se manter em dois dígitos até 2025. O problema do desemprego no Brasil é estrutural e carece de um entendimento melhor sobre a temática.
Para avaliar melhor as características da movimentação da ocupação para a desocupação, a Roberta, Sandro e o Angelo, das Universidades de Brasília e Goiás, procuraram avaliar quais trabalhadores tem maior probabilidade de perder seus postos de trabalho. Veja o artigo completo.
Avaliando o período de 2002 a 2016, os autores classificaram os postos de trabalho nas classes Alta, Média-Alta, Média, Média-baixa e Baixa. As duas primeiras são compostas por vínculos de melhores rendimentos e condições de trabalho, também sendo os mais estáveis. A classe Média tem alta taxa de formalidade, mas é formada baixos salários. Por fim, as classes mais inferiores têm piores indicadores de remuneração e formalização.
Categorias | Renda Méda (R$) | Distribuição amostral | Taxa de informalidade |
---|---|---|---|
Alta | 2.876 | 13,1% | 16,6% |
Média-alta | 1.030 | 35% | 18,9% |
Média | 832 | 34,4% | 12,5% |
Média-baixa | 1.021 | 4,2% | 45,9% |
Baixa | 710 | 13,3% | 29,9% |
A avaliação dos autores evidencia que a perda de emprego não é aleatória, ela está relacionada à posição da ocupação e às condições sociais do colaborador, colocando grupos da população em posições mais vulneráveis ao desemprego.
Entre tais grupos, destaca-se o desafavorecimento em função do gênero, que aparece com mais força que o quesito racial. Assim, a participação feminina no mercado de trabalho está mais propensa ao desemprego, inclusive nas classes mais inferiores das ocupações.
Na visão dos autores, o efetivo combate à precariedade do trabalho no Brasil passa por dois problemas estruturais: a insuficiência na geração de empregos qualificados e o enorme estoque de ocupações precárias, com trabalhos de baixa remuneração e alta informalidade.
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