Apesar da quase universalização do ensino nos últimos anos, a parcela de alunos que estão em boas escolas ainda é pequena. O Brasil continua em situação bem incômoda no ranking do PISA, que avalia a qualidade do ensino em 70 países (estamos em 63º).
Nestas avaliações de ensino, são discrepantes os resultados de alunos do ensino público e do privado, o que ocorre também em outros países. Só que o que é muitas vezes negligenciado é o papel do background do aluno e da turma, ou seja, as vantagens que ele carrega inicialmente, seja de casa ou da escola que ele tá inserido.
Para colocar os pingos nos is, a Janaína Feijó e o João de França, da Universidade do Ceará, estudaram a fundo as diferenças de desempenho entre alunos das redes pública e privada ao final do ensino médio.
A partir de técnicas para decomposição das notas do ENEM, os resultados mostraram que a diferença no desempenho dos alunos é explicado predominantemente pela diferença na dotação dos estudantes, ou seja, no background da turma e da família deles.
Mas não para por aí, os pesquisadores viram que os resultados dos alunos de escolas privadas eram muito mais próximos que os alunos do ensino público, então eles avaliaram as diferenças pelos quantis das notas.
Com isso, pode-se avaliar que entre os alunos com as notas mais baixas, a diferença entre eles não tá tão relacionada às dotações iniciais e sim ao diferencial dos docentes e da escola.
Por outro lado, quanto maiores as notas, mais a diferença de resultado entre as redes de ensino se dá pelas dotações iniciais do aluno. Nos casos de maior nota, esta importância da dotação inicial é tão grande que os números apontam uma diferença estrutural negativa. Traduzindo, isto significa que caso os estudantes da rede pública tivessem as mesmas características dos alunos do ensino privado, eles poderiam ter notas até superiores.
Isso mesmo, temos alunos brilhantes no ensino público que acabam tendo sua educação limitada pelas menores condições de renda e estrutura familiar.
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