A Revista Estudos Econômicos, da USP, publicou na sua última edição de 2022 um artigo que avalia a diferença salarial público-privada das pessoas.
No Brasil, cerca de 12,5% dos trabalhadores são funcionários públicos, percentual que se encontra praticamente igual desde 2016, e comumente temos a ideia de que estes trabalhadores ocupados no setor público recebem mais do que seus colegas do setor privado.
Assim, a ideia do artigo é verificar se existe diferença entre a média salarial de mesmas profissões a depender de onde elas estão empregadas.
Bem, para fazer isso, os autores utilizaram dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua, do IBGE, com a metodologia de decomposição por Oaxaca-Blinder (um método bem comum pra este tipo de análise).
Para que esta análise seja a mais realista possível, esta metodologia compara os salários entre o setor privado e público e também considera as características das pessoas que estão empregadas nos setores, por exemplo, a diferença salarial pode estar atrelada à escolaridade ou experiência dos trabalhadores.
Os autores buscam defender suas avaliações em diversas formas de cálculo e infindáveis números retirados a partir de cada ângulo possível da metodologia utilizada (o que acaba avaliando também o nível da paciência dos leitores). Ainda assim, chegamos aos resultados!
De acordo com o artigo, existe uma diferença salarial de 62% entre os funcionários do setor público e privado. A boa notícia é que a maior parte deste diferencial é explicado por experiência e escolaridade, mas a má notícia é que a parte não explicada da diferença vem crescendo nos últimos anos.
Deste ganho salarial para os funcionários do setor público, a parte que não é explicado pelas características dos trabalhadores chega a um quarto da diferença total de salários em alguns casos.
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