O sonho de começar um negócio próprio e ser dono do próprio nariz normalmente é acompanhado pela dúvida e incerteza se a ideia vai dar certo ou se tudo não passou de um delírio coletivo.
De fato estes dois lados sempre vão existir, em menor ou maior grau. Por experiência própria, posso afirmar que os astros nunca vão se alinhar perfeitamente para te indicar o momento certo ou a ideia mais adequada de empreender, isto depende mais de você do que qualquer outra coisa.
Só que além da motivação própria, existem alguns fatores que vão contribuir muito para que seu negócio tenha mais chance de sucesso. Por isso, vamos elencar aqui 10 passos para começar sua empresa com o pé direito.
Além da nossa experiência, nos baseamos em duas instituições internacionais¹ que mostram quais são os principais passos que você precisa percorrer para montar um negócio. Separamos as que consideramos essenciais.
1 - Determine se você está pronto
Abrir uma empresa é uma decisão importante que mudará vários aspectos da sua vida, especialmente na questão do tempo.
Sempre vai ter algo a corrigir, melhorar ou uma decisão difícil a ser tomada, então esteja mentalmente preparado para ter que lidar com isso.
Vale lembrar que, como tudo na vida, nem sempre a força e determinação serão suficientes para resolver as coisas. É muito bom ter com quem conversar e trocar ideias para encontrar soluções a problemas que você vai ter que lidar.
2 - Faça uma pesquisa de mercado
Ninguém pode responder com certeza se a sua empresa vai dar certo ou não. E também não há respostas para todas suas dúvidas.
Já nos questionaram o número de pets em determinado bairro e quantas pessoas calçavam 34 dentro de uma cidade. Raramente vai existir resposta para este tipo de pergunta, mas isso não quer dizer que você precisa dar um tiro no escuro.
No caso dos pets, há pesquisas que mostram que o número médio de pets por residência é basicamente o mesmo em qualquer região. Então basta mensurar a população e calcular a média geral de pets por pessoa para ter uma primeira boa estimativa do seu público-alvo, o que pode ser complementado por outras estatísticas para definir o tipo de serviço e o perfil da sua clientela.
A pesquisa de mercado é uma etapa essencial para mensurar a probabilidade de sucesso da sua ideia de negócio. Dados da concorrência, do crescimento da economia local, do potencial de consumo dos clientes potenciais poderão ser decisivos sobre o tamanho do seu investimento e até sobre o melhor local para abrir sua loja em caso de atendimento físico ao cliente.
Um outro ponto que normalmente surge na etapa de pesquisa de mercado é em relação ao alcance da concorrência. Afinal, normalmente já existem outras empresas oferecendo o mesmo produto ou serviço que você, então ao invés de evitar concorrentes, o foco não deveria ser a superação da concorrência em qualidade ao invés de pesquisar os locais com maior potencial de mercado?
Bem, é claro que a empresa mais eficiente sempre tende a atrair mais clientes, mas a questão vai além disso. Podemos destacar dois pontos que perpassam a questão da eficiência.
Primeiro que a qualidade depende de cada pessoa e varia com o humor do dia, podemos muito bem preferir o mercado X, mas em um domingo chuvoso acabar indo ao mercadinho mais próximo de casa, mesmo que ele seja mais caro e não tenha todos os produtos que eu quero.
Segundo que a qualidade só tende a se somar com a boa localização da empresa. Ou seja, um comércio que é muito bom vai ter uma boa atração de clientes, mas um comércio muito bom e muito bem localizado deve expandir seu potencial ainda mais. Então não se trata de uma coisa ser mais relevante que a outra, mas sim de somar fatores positivos.
Existem alguns sites (Semrush, SEBRAE, Rock Content) que falam mais especificamente sobre a pesquisa de mercado, caso você queira fazer por conta. Mas também existem empresas especializadas neste tipo de serviço que podem te ajudar com mais propriedade.
Aqui no site da Caravela, mantemos atualizado gratuitamente o cenário econômico de todas as cidades do Brasil, o que ajuda muito na avaliação do contexto que sua empresa está inserida.
Caso queira buscar uma avaliação mais específica para seu negócio, ficaremos felizes em lhe ajudar.
3 - Elabore seu plano de negócios
Às vezes o papel do psicólogo é de apenas escutar, pois só o fato de colocar os pensamentos em uma ordem de fatores para contar uma narrativa já fará com que você pense sobre os fatos sob uma nova perspectiva.
O plano de negócios segue esta mesma lógica. À primeira vista pode parecer desnecessário elaborar um plano de negócios, com objetivos e metas para uma cafeteria, por exemplo, afinal a meta é lucrar com a venda de cafés.
Mas mesmo nas empresas mais objetivas, um bom plano de negócios fará com que se pense a respeito da solução e coloque no papel como serão alcançados os objetivos e quais alternativas são viáveis.
Lembre-se que o plano de negócios é a base para a existência do seu negócio. Uma dica útil também é rever este plano a cada ano, para verificar o que tem mudado na empresa, no cenário que ela está inserida e quais os caminhos a seguir.
Achamos alguns artigos que explicam como fazer o plano de negócios, vale a pena consultar: SEBRAE, Sambatech, Contabilizei, Resultados Digitais.
4 - Teste sua ideia
Feito o plano de negócios, agora é hora de testar sua proposta. Este teste depende muito da sua proposta, mas o importante é que ocorra o diálogo com novas pessoas para se certificar de que há o interesse naquilo que está sendo proposto e também ter uma experiência prática do processo envolvido.
O teste precisa seguir duas lógicas:
i) ser o mais real possível à experiência que você quer proporcionar com a empresa pronta; e
ii) ser o menos custoso possível.
É claro que uma coisa vai ao encontro da outra, mas é justamente esse equilíbrio que precisa ser buscado.
Caso o plano de negócios seja a venda de um produto digital, como um curso, jogo ou software, o ideal é ter um protótipo rápido e não muito trabalhoso que possa transmitir a sensação ou solução que você queira desenvolver.
Se tratando de uma empresa de prestação de serviço, tipo banho e tosa ou fotografia de um evento, quem sabe faça sentido fornecer o serviço para alguém de maneira informal, de modo que se possa ter noção de todo o trabalho e custo envolvido.
5 - Defina o investimento e o local ideal
Com todas as informações acima, espera-se que as incertezas quanto ao potencial de mercado e margem de lucro esperado já sejam menores.
Essa margem vai te indicar qual o tamanho ideal para começar a empresa, e isso também vai trazer uma noção de onde optar por estabelecer seu negócio.
Para o comércio, existem algumas estratégias que dependem justamente das condições que você quer apresentar a sua empresa. Inserir-se dentro de um shopping ou em um ponto comercial único diferem não só no investimento mas nos resultados. Ambas opções contam com fatores positivos e negativos, o que dependerá da sua estratégia.
6 - Escolha sua estrutura jurídica
A estrutura jurídica que você escolher impactará nos custos, especialmente no quanto será pago em impostos e a sua responsabilidade pessoal.
Esta definição depende basicamente do tamanho da sua empresa e da sua capacidade de crescimento. Prestação de serviços individuais normalmente se iniciam pela figura do MEI (Microempreendedor individual), que possui vantagens de facilidade de pagamento de impostos e também da abertura do CNPJ, que pode ser feito totalmente online e em poucos minutos.
Mas essa condição tem limitações quanto ao faturamento e atividades permitidas. Por isso, é importante consultar seu contador e as opções existentes para saber em qual estrutura jurídica começar e, caso seja necessário, quando mudar para uma estrutura diferente.
Além disso, dependendo do seu setor de atuação, é necessário obter licenças e autorizações para manter seu negócio funcionando.
7 - Escolha o nome e registre-se
Batize seu negócio: sua marca fará com que você seja lembrado com mais facilidade pelos clientes.
Esteja atento às tendências mas não se apegue aos modismos. Seja claro e pense na mensagem que o nome escolhido carrega e se este se conecta ao seu público-alvo.
Existem ainda sites que podem te ajudar nessa escolha, mas, se puder, não deixe de reunir uma equipe e compartilhar esse momento de branding com mais pessoas. É nessa hora que a criatividade - associada à percepção do outro - trará a personalidade necessária para a marca.
8 - Monte sua equipe de suporte
Dependendo da sua estrutura jurídica, o contador já será obrigatório para a manutenção da sua empresa. Mas é importante conduzir a escolha da sua equipe não como algo obrigatório e sem objetivos, pois uma boa equipe poderá poupar tempo de trabalho e também te direcionar nas melhores condições legais e burocráticas.
Para quem é mais prático, já existem soluções completamente online, como a Contabilizei e a Conta Azul, que te ajudarão a manter suas contas em dia.
Dependendo da atividade, advogados e consultores também poderão te assessorar com questões iniciais sobre o seu negócio.
9 - Controle suas finanças
Nada que uma boa e velha planilha não possa resolver. O importante é registrar os custos, receitas e começar a acompanhar o seu retorno.
Os elementos básicos para um bom controle financeiro é separar suas obrigações pessoais e jurídicas. Caso você seja dono e funcionário, definir um valor de pró-labore será fundamental para separar os custos da empresa e o seu rendimento do trabalho.
Para quem lida com muitos insumos, é importante manter um controle destes preços e saber quando é a hora de trocar de fornecedor ou de produto. O mesmo caso é importante para os itens mais básicos do seu negócio, como a luz e água, que podem ser bem pesados para quem lida com refrigeração.
Saber o que mais está impactando seu orçamento indicará onde você deve atuar com mais atenção para buscar soluções ou alternativas. Uma dica extra é sempre manter parte do orçamento disponível para investimentos, afinal, sempre terão imprevistos ou tecnologias novas que podem potencializar seu negócio.
10 - Divulgue seu negócio
Por último e tão importante como as demais etapas, é a divulgação do seu negócio. O Google negócios, Facebook, Instagram e demais redes sociais já oferecem caminhos básicos e gratuitos para você começar a divulgar sua empresa.
Dependendo da área que está inserido, talvez seja mais rentável apostar em marketing digital ou em formas tradicionais de aproximação com clientes potenciais. Em qualquer caso, o importante é ter um controle do quanto está sendo gasto em marketing e qual o retorno dele para sua empresa.
Autora: Edilene Cavalcanti dos Anjos, doutoranda em Eng. e Gestão do Conhecimento (UFSC).
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